terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O certo e o errado, o bem e o mal .

A moral não é monopólio de nenhum povo, de nenhum partido político, de nenhum grupo religioso, de nenhuma categoria profissional, mas uma conquista, um valor, um ideal que pode e deve ser perseguido e alcançado por todo e qualquer indivíduo participante da vida gregária, na medida em que é um produto cultural relativizado no tempo e no espaço, cuja validade só se pode observar e aferir nos relacionamentos interpessoais, no trato com a coisa pública e na capacidade de servir e ser útil ao grupo social no qual o indivíduo está inserido.

Assim, não basta ao indivíduo inflar os pulmões e bradar aos quatro cantos que é honesto, moral, decente, para que seja reconhecido como tal, sobretudo quando os fatos e as circunstâncias dizem exatamente o contrário. Esse tipo de comportamento, aliás, quase sempre seguido de ataques furiosos e veementes a outros indivíduos, além de soar arrogante e inadequada, geralmente revela um conflito psicológico do qual o sujeito é portador. Não raro, trata-se de uma clara projeção psicológica, mecanismo mediante o qual o indivíduo projeta no outro aquelas características que rejeita em si próprio, características essas trancafiadas nos porões do seu inconsciente e transferidas amiúde para este ou aquele alvo, contra quem lança toda sorte de impropérios e acusações levianas sem perceber que na verdade é ele próprio quem, inconscientemente, coloca-se na alça de mira de sua própria fúria e indignação. Daí H.G. Wells ter afirmado que “indignação moral é inveja com auréola”.

Convém, portanto, pôr as barbas de molho diante daqueles que se arvoram na condição de “seres morais”. Primeiro, porque a moralidade não se resume a uma questão de retórica; antes constitui uma postura em face dos desafios impostos pela vida, sobremaneira quando o indivíduo é colocado diante de facilidades que lhe despertam interesses egoístas e pouco nobres. Segundo, porquanto ela não é característica inata, mas um apanágio do indivíduo que logrou alcançar um nível consciencial que lhe permite discernir

o certo e o errado, o bem e o mal – abstraído qualquer maniqueísmo -, e fazer sua escolha livremente, sempre de forma ética, construtiva e edificante.

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