A
moral não é monopólio de nenhum povo, de nenhum partido político, de
nenhum grupo religioso, de nenhuma categoria profissional, mas uma
conquista, um valor, um ideal que pode e deve ser perseguido e alcançado
por todo e qualquer indivíduo participante da vida gregária, na medida
em que é um produto cultural relativizado no tempo e no espaço, cuja
validade só se pode observar e aferir nos relacionamentos interpessoais,
no trato com a coisa pública e na capacidade de servir e ser útil ao
grupo social no qual o indivíduo está inserido.
Assim, não
basta ao indivíduo inflar os pulmões e bradar aos quatro cantos que é
honesto, moral, decente, para que seja reconhecido como tal, sobretudo
quando os fatos e as circunstâncias dizem exatamente o contrário. Esse
tipo de comportamento, aliás, quase sempre seguido de ataques furiosos e
veementes a outros indivíduos, além de soar arrogante e inadequada,
geralmente revela um conflito psicológico do qual o sujeito é portador.
Não raro, trata-se de uma clara projeção psicológica, mecanismo mediante
o qual o indivíduo projeta no outro aquelas características que rejeita
em si próprio, características essas trancafiadas nos porões do seu
inconsciente e transferidas amiúde para este ou aquele alvo, contra quem
lança toda sorte de impropérios e acusações levianas sem perceber que
na verdade é ele próprio quem, inconscientemente, coloca-se na alça de
mira de sua própria fúria e indignação. Daí H.G. Wells ter afirmado que
“indignação moral é inveja com auréola”.
Convém, portanto, pôr
as barbas de molho diante daqueles que se arvoram na condição de “seres
morais”. Primeiro, porque a moralidade não se resume a uma questão de
retórica; antes constitui uma postura em face dos desafios impostos pela
vida, sobremaneira quando o indivíduo é colocado diante de facilidades
que lhe despertam interesses egoístas e pouco nobres. Segundo, porquanto
ela não é característica inata, mas um apanágio do indivíduo que logrou
alcançar um nível consciencial que lhe permite discernir
o certo e o
errado, o bem e o mal – abstraído qualquer maniqueísmo -, e fazer sua
escolha livremente, sempre de forma ética, construtiva e edificante.
Os Escribas reune um grupo de profissionais de varias áreas para criar um veículo que se contrapusesse ao jornalismo dominante. Análises e informações sobre eventos políticos, econômicos e sociais”. Nosso Conselho Editorial e formado por representantes de diferentes segmentos da sociedade civil brasileira.
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