
Um método ou uma técnica que consiste em realizar perguntas a uma pessoa até que esta descubra conceitos que estavam latentes ou ocultos na sua mente. A técnica da maiêutica pressupõe que a verdade se encontra oculta na mente de cada pessoa. Através da dialéctica, o próprio indivíduo vai desenvolvendo novos conceitos a partir das suas respostas.
A origem etimológica da maiêutica remonta à língua grega e está relacionada com a obstetrícia, a disciplina que ajuda ao nascimento. Sócrates orientou o conceito para a filosofia uma vez que a maiêutica ajuda no nascimento, não de um bebé, mas de um ser pensante/pensador.
Partindo do método irônico-refutador, Sócrates ajuda ao outro a ir em busca da verdade e principalmente empenhava na descoberta e na questão que sempre o incomodou: “Conhece-te a ti mesmo”.
Em
nenhum momento de sua defesa - segundo relato platônico - Sócrates apela
para a bajulação ou tenta captar a misericórdia daqueles que o
julgavam. Sua linguagem é serena - linguagem de quem fala em nome da
própria consciência e não reconhece em si mesmo nenhuma culpa. Chega a
justificar o tom de sua autodefesa: "Parece-me não ser justo rogar ao
juiz e fazer-se absorver por meio de súplicas; é preciso esclarecê-lo e
convence-lo". Embora a demonstração pública da inconsistência dos
argumentos de seus acusadores e embora a tranqüila e reiterada
declaração de inocência - e talvez justamente por mais essas
manifestações de altaneira independência de espírito -, Sócrates foi
condenado. Mesmo para uma democracia como a ateniense, ele era uma
ameaça e um escândalo: a encarnação, para a mentalidade vulgar, do
"escândalo filosófico" que, ali mesmo em Atenas, acarretara a
perseguição de Anaxágoras de Clazômena, que se viu obrigado a fugir.
Como
era de praxe, após o veredicto da condenação, Sócrates foi convidado a
fixar sua pena. Meleto havia pedido para o acusado a pena de morte. Mas
seria fácil para Sócrates salvar-se: bastava propor outra penalidade,
por exemplo pagar uma multa, como chegaram a lhe sugerir os amigos.
Afinal, fora difícil obter um veredicto de culpabilidade: havia sido
condenado por uma margem de apenas sessenta votos. Qualquer pena
moderada que ele mesmo propusesse seria certamente acatada com alívio
por aquela assembléia constrangida por condenar um cidadão que, apesar
de suas excentricidades e de suas atitudes muitas vezes irreverentes e
incomodas, apresentava aspectos de indiscutível valor. Afinal, era
aquele o Sócrates que não se havia deixado corromper pelos tiranos,
inimigos da democracia, e que lutara bravamente na guerra por sua cidade
e por seu povo. Bastava que declarasse estar disposto a pagar algumas
moedas - e todos sairiam dali satisfeitos consigo mesmos, por terem
cumprido o "dever" de punir um cidadão suspeito de atividades nocivas a
cidade, e mais contentes ainda por se sentirem magnânimos, ao permitirem
que continuasse vivendo.
Mas
Sócrates não faz concessões. Propor-se a cumprir qualquer pena, mesmo
pagar uma multa, por menor que fosse, seria aceitar a culpa de que não o
acusava a própria consciência. Na segunda parte da Apologia, Platão
descreve o momento em que, novamente diante de seus juízes, Sócrates
estabelece a pena que julgava merecer. Nem exílio, nem multa. "Ora, o
homem (Meleto) propõe a sentença de morte. Bem; e eu, que pena vos hei
de propor em troca, Atenienses? A que mereço, não é claro? Qual será?
Que sentença corporal ou pecuniária mereço, eu que entendi de não levar
uma vida quieta? Eu que, negligenciando o de que cuida toda gente -
riquezas, negócios, postos militares, tribunas e funções públicas,
conchavos e lutas que ocorrem na política, coisas em que me considero de
fato por demais pundonoroso para me imiscuir sem me perder -, não me
dediquei àquilo a que, se me dedicasse, haveria de ser completamente
inútil para vós e para mim? Eu que me entreguei à procura de cada um de
vós em particular, a fim de proporcionar-lhe o que declaro o maior dos
benefícios, tentando persuadir cada um de vós a cuidar menos do que é
seu do que de si próprio, para a ser quanto melhor e mais sensato, menos
dos interesses do povo que do próprio povo, adotado o mesmo princípio
nos demais cuidados? Que sentença mereço por ser assim? Algo de bom,
Atenienses, se há de ser a sentença verdadeiramente proporcionada ao
mérito; não só, mas algo de bom adequado a minha pessoa. O que é
adequado a um benfeitor pobre, que precisa de lazeres para vos viver
exortando? Nada tão adequado a tal homem, Atenienses, como ser
sustentado no Pritaneu;
muito mais do que a um de vós que haja vencido, nas Olimpíadas, uma
corrida de cavalos, de bigas ou quadrigas. Esse vos dá a impressão da
felicidade; eu, a felicidade; ele não carece de sustento, eu careço. Se,
pois, cumpre que sentenciam com justiça e em proporção ao mérito, eu
proponho o sustento no Pritaneu."
Sócrates não deixava saída para seus juízes. Ou a pena de morte, pedida por Meleto, ou ser alimentado no Pritaneu,
enquanto fosse vivo, como herói ou benemérito da cidade. Impossível
voltar atrás, desfazer a condenação, inocentar o acusado. Entre a morte e
as impossíveis recompensas, ou juízes ficaram sem alternativa real.
Para não abrir mão de sua própria consciência, Sócrates optara pela
morte. Que então morresse.
Como observamos no relato do julgamento feito por Platão (428-348 a.C.) a Apologia de Sócrates, é geralmente tido como bastante fiel aos fatos e apresenta-se dividido em três partes. Na primeira, Sócrates examina e refuta as acusações que pairam sobre ele, retraçando sua própria vida e procurando mostrar o verdadeiro significado de sua "missão".
Sócrates por buscar a verdade foi acusado pelo poeta Meleto, pelo rico curtidor de peles, influente orador e político Anitos, e por Licão personagem de pouca importância. A acusação era grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude.
Sócrates proclama aos cidadãos que deveriam julga-lo: "Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas, e a vos dizer que a virtude não provém da riqueza, mas sim que é a virtude que traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens, quer na vida pública quer na vida privada. Se, dizendo isso, eu estou a corromper a juventude, tanto pior; mas, se alguém afirmar que digo outra coisa, mente". Noutro momento de sua defesa, Sócrates dialoga com um de seus acusadores, Meleto, deixando-o embaraçado quanto ao significado da acusação que lhe imputava - "corromper a juventude". Demonstra que estava sendo acusado por Meleto de algo que o próprio Meleto não sabia bem explicar o que era, já não conseguia definir com clareza o que era bom e o que era mau para os jovens.
A Maiêutica socrática termo grego inspirado na profissão de sua mãe, que era parteira. Cujo significado é “Dar a luz (parto)”. Ou seja, ele (Sócrates) dava a luz a novas idéias. Dessa maneira, por meio de perguntas (ironia) destruía o saber construído, para então, reconstruí-lo no processo de definição do conceito. Pretendia que o seu questionamento sistemático levasse as pessoas a um ponto crucial de consciência crítica, procurando a verdade no seu interior, dando assim lugar ao “parto intelectual”.
Este método cujo objetivo é possibilitar ao homem o conhecimento de si mesmo. Consiste em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou contradição do enunciado. Desta forma, o método faz com que as pessoas comecem a pensar a partir daquilo que não conhecem, ou seja, pela ignorância. O método socrático permite o acordo através das certezas das verdades universais obtida pela definição após a discussão, e tem como objetivo levar o sujeito a conhecer a ti mesmo, e a partir daí conhecer o mundo a sua volta a fim de encontrar o caminho para a prática do bem e da virtude para a convivência social.
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