segunda-feira, 3 de abril de 2017

Polícia na defesa, bandidagem no ataque, e sociedade perdendo.

Polícia na defesa, bandidagem no ataque, e sociedade perdendo.

Por: Victor Poubel- Delegado Federal


Poderia parecer a escalação de alguns jogadores num intrincado jogo de futebol, contudo se trata de uma triste análise da realidade da segurança pública no Rio de Janeiro, um estado que se derrete a cada dia, em várias áreas, assolado por casos de violência e mortes, sob os olhares passivos de governos e autoridades. Se continuar assim, sucederão os acontecimentos trágicos que trazem tantas dores às famílias e mancham de sangue os noticiários.


Quando as lágrimas secam, por questão  de sobrevivência, nos direcionamos à reflexão sobre o amanhã e como sair de um momento tão pavoroso, sempre imaginando que nasçam soluções que impeçam a escalada da violência. Fogem aos padrões, se é que podemos dizer aceitáveis dentro da civilidade, os tantos casos de pessoas mortas por balas perdidas, vítimas de assaltos e pelo simples fato de serem policiais.


O que vemos, nos dias atuais, é uma bandidagem no ataque, se espalhando por todos os pontos da cidade e atuando em vastas modalidades criminosas, enquanto a polícia parece só se defender, reagindo num desalinhado afã de prender os marginais e restaurar a ordem. Quando a polícia parte para cima do afrontoso adversário, na maioria das vezes, faz por impulso, sem planejamento e dados de inteligência, o que, inevitavelmente, resulta em erros e fatos negativos.


A segurança pública é primordial para a sedimentação dos direitos do cidadão, que engloba o conceito de viver. Ela tem funcionar e estar em constante evolução, pois mexe com todo o nosso cotidiano. Há uma relação de dependência, sem a qual não poderemos ir ao trabalho, frequentar escolas e áreas de lazer. Não raros são os episódios de hospitais fechados, médicos e professores alvejados, e alimentos deixando de chegar aos supermercados.


Os bandidos conhecem as fragilidades da segurança pública e se aproveitam para impor o medo e a derrota da paz social. Temos uma polícia machucada pelo não-pagamento de salários, com falta dos recursos, e desmotivada. Nesse terreno de guerra, que só produz feridos e perdedores, observa-se ainda que a tropa policial, cada vez mais, se brutaliza, tomada por um natural, porém distorcido, sentimento de autoproteção.


Sob aplausos, iriamos receber a notícia de um firme e fundamental apoio do governo federal para promover um verdadeiro choque de ordem, lastreado em ações planejadas e integradas das forças policiais e armadas, visando restabelecer a paz nas ruas e recuperar as áreas da cidade em poder do crime organizado, colocando os marginais no seu devido lugar, que é a cadeia.

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