Vamos anotar os nomes desses deputados federais...
Arena Jurídica
Por Jorge Pontes
Tudo que estamos passando – a crise e essa encruzilhada política –
deve-se em grande parte aos nossos próprios atos como cidadãos. De
quatro em quatro anos temos um momento importantíssimo de PODER e
CIDADANIA. Isso ocorre por alguns segundos, diante das urnas, quando
temos condições de apontar aqueles que irão nos representar.
Sempre fui eleitor no Rio, apesar de ter vivido mais de 20 anos fora da
cidade. Aqui corre a piada de que o cidadão carioca, em dia de eleições,
enfrenta tão somente o seguinte dilema: votar ANTES ou DEPOIS da praia?
Essa má vontade, essa falta de comprometimento do eleitor em buscar com
seriedade a sua representatividade, essa insensibilidade com o futuro,
como se aquela escolha não tivesse consequências, produz esse tipo de
situação que estamos enfrentando.
Temos uma presidente sem
credibilidade e sem autoridade para governar e temos um presidente da
Câmara dos Deputados ainda em pior situação. Sem falar nos ministros de
estado que estão sendo investigados e, também, no presidente do Senado.
Temos um ex-presidente sob suspeitas que, aparentemente, continua
mandando no país. Não é possível um enredo com tantos vilões. Quem seria
confiável nesse imbróglio?
Dezenas de milhões de brasileiros
desejam punição, desejam impeachment, desejam mudança e, sobretudo,
justiça. Também aspiram o defenestramento, a demissão e o encarceramento
dessa trupe de corruptos e incompetentes que permitiu a montagem e
operação do Petrolão. Mas nada consegue ir adiante, nada avança, pois
temos o “rôto” pilotando o processo de afastamento do “esfarrapado”.
Não há gente insuspeita em posições chaves. Não há em quem nos
agarrarmos. A sensação de abandono e de frustração é imensa. Só se ouve
falar em desistir do Brasil. O que está ocorrendo é um escárnio. Estão
esbofeteando o povo diariamente. Não há mais pudor.
Contudo,
temos que assumir que essa conta altíssima, que hoje nos apresentam,
corresponde exatamente àqueles 30 segundos que passamos a sós nas urnas.
Tudo nasceu ali, ou melhor, tudo poderia ter sido evitado ali. Nunca
tivemos tão clara essa relação de causa-consequência dos nossos atos
como eleitores.
Esses políticos que hoje vendem proteção e
blindagem em troca de favores e entregam nossos ministérios em troca de
votos contra o impeachment, não foram sozinhos para as suas posições,
não se “auto-empoderaram”. São como jabutis no alto dos postes. Alguém
os colocou lá. E haja jabuti!
O destino da nação está sendo
obscenamente mercadejado, trocado por silêncios escabrosos. Fazem
escambo com a própria moral. Tudo isso a céu aberto, publicado em todos
os jornais do país.
Há provas materiais contra dezenas de
políticos envolvidos nos esquemas, que invariavelmente seguem em seus
cargos, recebendo salários pagos pelos contribuintes. Negociam saídas e
escapadas. É como uma guerra de bugios ocorrendo nas copas das árvores.
Por oportuno, infelizmente cada um de nós tem seu quinhão de culpa
sobre o atual cenário. É instrumental apontar para isso, mostrar essa
co-responsabilidade e iniciar um movimento de GRANDE RENOVAÇÃO do
Congresso Nacional.
Não podemos mais votar em ninguém que,
diplomado pela vontade popular, adota reprováveis condutas comissivas
por omissão. Hoje basta o parlamentar estar respirando, sentado em seu
assento no Congresso Nacional, para se enquadrar como cúmplice de tudo.
Quem não esbravejar na tribuna já merece o inferno. Há em curso o
estupro da pátria a luz do dia e reações indignadas se impõem.
Dessa feita, por ocasião da votação de admissibilidade do impeachment da
presidente Dilma Rousseff, sugiro aos cidadãos brasileiros que
memorizem bem o nome daqueles deputados federais que não comparecerem à
Câmara do Deputados no próximo Domingo dia 17 de Abril.
Por fim,
esses que se omitirem não merecem mais a reeleição, assim como aqueles
que votarem contra o impeachment, o que, grosso modo, significa
compactuar com a continuidade da corrupção do governo petista. Estamos
numa situação que não concederá uma terceira via: é bola ou búlica; é
sim ou não; é tudo ou nada. Não há meio termo e não há como se
equilibrar em cima do muro.
Ou puxam a descarga para vermos
Dilma e o PT sumir pelo ralo da História, ou damos a ela sobrevida para
seguir no desastroso projeto de poder.
Não há dúvidas de que
processo do TSE encerra maior potencial de solucionar o impasse, pois,
com a impugnação da chapa, será devolvida à sociedade a possibilidade de
eleger o presidente de república, zerando o jogo.
Contudo, tal
processo certamente só será julgado no primeiro trimestre de 2017. O
Brasil não resistirá a mais doze meses de Dilma Rousseff. E não podemos
ignorar que o impeachment está aí, está posto. Aquele deputado ou
senador que votar "NÃO" - com a justificativa de que aposta no processo
do TSE - estará, na prática, salvando o lulopetismo e concedendo-lhe
oxigênio para seguir nos desmandos e nas políticas fisiológicas que
precipitaram nosso país nesse precipício. Em suma, votar "NÃO" significa
chancelar Dilma Rousseff. Em contrapartida, o voto "SIM" não se
consubstancia de forma alguma em um voto pró-Michel Temer, mas tão
somente a negação da Presidente Rousseff. Simples assim.
Por
oportuno, quem não for limpo - ou quem compactuar com a continuidade da
corrupção institucionalizada estabelecida e chancelada pelo atual
governo, não pode ser representante do povo, ou assumiremos que o povo é
igualmente sujo, o que definitivamente não é verdade.
Acompanhem
a votação do impeachment nesse domingo vindouro com caderninho e lápis
em mãos, e vamos riscar esses tristes nomes definitivamente do cenário
política nacional.
Jorge Pontes é delegado da Polícia Federal e foi chefe da Interpol no Brasil